domingo, 22 de abril de 2012

Hoje eu acordei como?


Hoje eu acordei como poeta. Não que poesia fosse privilégio de poucos, até mesmo porque o choro de uma criança tem poesia. O vento e a chuva. Tudo é poesia.
Hoje eu acordei como escritor. Mesmo que saiba que escrever não seja dádiva, mas por que as escrituras, mesmo a existente e sagrada, são apenas uma criação de uma raça quase extinta.
Hoje eu acordei como físico. Ainda que o físico não seja visível nem importante, mas porque não existe nada de mais maravilhoso em física que ela própria.
Hoje eu acordei como pássaro. Não que o privilégio de voar fosse apenas de um homem. Mas porque a liberdade e desconhecimento do vôo levam a uma imaginação infinita.
Hoje eu acordei como gênio e até já pensei ser um. Mas nem por isso, a genialidade de uma criança em diferenciar pai e mãe pode ser comparada ao que sonhamos gênios.
Hoje eu acordei como músico. Mesmo sabendo que nossas próprias vozes são música e ainda assim poucos são considerados mestres da mesma.
Hoje eu acordei como poliglota, mesmo sabendo que a linguagem do amor é universal e que diferenças entre palavras são insignificantes.
Hoje eu acordei como criança. Mesmo sabendo que os anos passaram e hoje aprendo muito menos com meus próprios erros.
Hoje acordei como pintor. E vi cores em tudo. Mesmo sabendo que cor é criação de nossas próprias mentes. E que cegos vêm muito mais que os que vêm.
Hoje acordei como um homem. E me senti amado.
E descobri que a única coisa importante é acordar.
Hoje eu acordei como?
Como Universo! Mais que nunca. Ainda que saiba que o próprio universo é uma criação de nossa auto-consciência.
E hoje eu sou muito mais sido. Nascido humano!
E percebi que nascer, independente de onde ou como, não é o importante.
Sejamos nós humanos ou bichos. Flores ou pedras. Moléculas ou Átomos. Quarks ou nada!
Acordar é o milagre...

Isso é só para os que percebem que todos e tudo no universo são feitos de nada!
Marcelo Augusto Prado Sant'Anna

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